Artigos diversos sobre a história de Cascavel, cidade importante do Oeste paranaense
Revolução
de 1924, marco essencial
na
ocupação do Oeste do Paraná
Uma das mais importantes consequências das lutas de
1924/5 no Oeste do Paraná é o enfraquecimento das empresas que exploram a
erva-mate, fator determinante no encerramento deste ciclo econômico.
A movimentação militar tem início quando Arthur Bernardes inutilmente
procura restabelecer a ordem desfeita pela campanha sucessória à Presidência da
República. Os movimentos de 1922 (São Paulo) e 1923 (Rio Grande do Sul)
deságuam nesses dois Estados em uma nova revolução.
A fação militar liderada por Isidoro Dias Lopes, Miguel Costa, João
Cabanas e Joaquim Távora empreendeu um movimento, chamado tenentista, com os propósitos de moralizar a política, levantar a
classe média contra o patrimonialismo das elites e combater a miséria. Os
primeiros tiros são disparados na madrugada de 5 de julho de 1924, com a tomada
de São Paulo três dias após.
Os 3.500 revolucionários, porém, não resistem ao cerco imposto por 14
mil homens das tropas legais e empreendem fuga por Bauru.
Assim, praticamente derrotados, os revolucionários tentam se instalar no
Mato Grosso, na intenção de prolongar a luta aguardando as tropas que virão do
Sul em apoio, na futura Coluna Prestes, mas são repelidos pelas forças
governistas.
Descendo pelo Rio Paraná até Guaíra, deslocam-se até a região do Rio
Cascavel e Catanduvas. A tática dos sublevados se tornaria vitoriosa não fosse
a fidelidade do governador paranaense Caetano Munhoz da Rocha ao governo
federal.
Durante quase um ano inteiro as forças em luta
asseguram seus suprimentos nos recursos das obrages
estrangeiras.
Os revolucionários tomam gado e mantimentos de
sertanejos instalados na região e disto não escapa Antônio José Elias,
proprietário de uma faixa de terra em cujo perímetro se encontra a
Encruzilhada.
Entre as muitas famílias prejudicadas pela ofensiva
revolucionária no Oeste constam as de Theodorico Rodrigues da Cunha, Demétrio
Julio de Amorim, Joaquim Pedro de Alcântara, Euzébio dos Anjos, José Leocádio
de Souza, Manoel Persoski, Pedro de Paula Martins e Alípio de Souza Leal, que
têm seus pertences sequestrados e as moradias destruídas pelo fogo.
Já nas primeiras luzes da Revolução Paulista, muitos sertanejos decidem
recolher tudo o que podem carregar, fugindo para outras regiões ante a iminente
chegada das tropas revolucionárias de São Paulo.
Antônio José Elias, morador do hoje Cascavel
Velho, teima em permanecer na sua propriedade junto à família. Não acredita
na invasão da área pelas tropas de São Paulo.
Sabe que o governo do Paraná tomou precauções para conter o avanço
paulista, fazendo construir o telégrafo até Lopeí e enviando à região o
Regimento de Cavalaria Provisório – a primeira unidade militar motorizada.
O comandante das forças legalistas, coronel Dilermando de Assis, segundo
Antônio José Elias está informado, segue rumo a Guaíra com o RCP engrossado
também por policiais-militares e voluntários recrutados nos Campos Gerais.
As forças governistas paranaenses, no entanto, serão surpreendidas pelos
revolucionários em Guaíra, para desespero de Antônio José Elias.
A luta se aproxima do Rio Cascavel e as tropas paulistas, por ironia,
instalam-se entre as cercanias da atual Toledo e em seguida na propriedade de
Elias.
“O primeiro combate que nós tivemos foi na Rocinha, perto de Catanduvas.
As forças legalistas de São Paulo atacaram a Rocinha mas não deixamos eles
entrar. Ali foi baleado um soldado da Polícia de São Paulo e aí alguém disse:
‘Olha, vem um batalhão para cortar a retaguarda de vocês, comandado pelo Capitão
Saimento’. Newton Estillac Leal ordenou o recuo a Catanduvas, para não sermos
sitiados na Rocinha. Quando estávamos passando num lugar chamado
Vinte-e-Quatro, para lá de Catanduvas, saíram o capitão Sarmento e sua tropa
atrás de nós” (Eduardo Agostini, voluntário dos rebeldes na Revolução Paulista,
pioneiro de Santa Tereza do Oeste. Depoimento à revista Oeste).
Eduardo
Agostini
Invadido o Oeste, chega a Guarapuava o general Cândido Mariano da Silva
Rondon, organizando a frente de luta contra os revolucionários.
A Revolução de 1924 registra lutas marcantes, tendo por palco a região
inteira, de Guaíra a Catanduvas, onde ocorre o combate final, com a passagem de
tropas por Foz do Iguaçu e pelo Rio Cascavel.
Para combater os revolucionários paulistas as forças araucarianas são
reunidas na Coluna de Operações do Sul, que envia o Regimento de Cavalaria
Provisório, formado por 150 homens, a marchar rumo ao Oeste. Tem a missão
específica de capturar os chefes rebeldes.
O regimento é comandado pelo coronel Dilermando Cândido de Assis, que
depois de reunir voluntários em Ponta Grossa deixa esta cidade no dia 27 de
julho.
O RCP passa por Catanduvas e alcança a atual Santa Tereza, na época
apenas um depósito da Companhia Domingo Barthe, deslocando-se até a Picada do
Benjamim (Céu Azul). Chega a Santa Helena a 2 de agosto. Desloca-se pelos
trilhos da estrada de ferro da Companhia Matte Laranjeiras rumo a Guaíra, onde
chega a 4 de agosto.
No povoado de Guaíra, recebe informações de São Paulo segundo as quais
os revolucionários ainda não deixaram aquele Estado. O coronel Dilermando de
Assis desloca então a tropa aos portos paulistas e a 23 de agosto trava o
primeiro combate com os revolucionários naquele território.
Os paulistas, comandados pelo general Isidoro Dias Lopes, resistem com seus
três mil homens por alguns dias em terras bandeirantes.
João
Cabanas
Seguem ao Mato Grosso pelas ferrovias paulistas e procuram atingir o Rio
Paraná, buscando ligação com os simpatizantes sulistas. Em Mato Grosso,
todavia, esbarram na reação das tropas governistas.
Frustrado o objetivo de se instalar no Mato Grosso, resta-lhes somente a
via fluvial rumo ao Sul.
Descem por ela 500 homens na linha de vanguarda revolucionária sob o
comando do coronel João Francisco. Apresam cinco navios da Companhia de
Navegação São Paulo-Mato Grosso e se apoderam dos portos bandeirantes onde as
tropas paranaenses do coronel Dilermando estabeleceram posições defensivas.
Dobram a resistência das forças legalistas do Paraná e dirigem-se a
Guaíra, onde se alojam ocupando as instalações da Companhia Matte Laranjeiras.
Em seguida, um batalhão desce até a Encruzilhada, via Lopeí, ocupando
toda a região entre os rios Cascavel e Toledo.
“Face ao atraso do grosso das forças revolucionárias cerrarem sobre
Guaíra, o comando da vanguarda revoltosa retomou a progressão para Leste e Sul.
Determinou ao pelotão da cavalaria prosseguir para Catanduvas e ao batalhão
comandado pelo capitão Juarez Távora partir de Porto São Francisco para
conquistar Foz do Iguaçu. Determinou também ao outro batalhão de vanguarda sob
o comando do major Nélson de Melo, deixando apenas pequena guarnição em Guaíra,
deslocar-se para Porto São Francisco, de onde devia destacar uma companhia para
Cascavel, a fim de apoiar os reconhecimentos lançados pela cavalaria na direção
de Catanduvas. Após a chegada do restante da Divisão Revolucionária a Guaíra o
coronel João Francisco ordenou o deslocamento para a região de Cascavel e Depósito
Central, atual localidade de Santa Tereza, de todo o Batalhão Nélson de Melo,
reforçado por duas companhias que vieram de Foz do Iguaçu” (Ney Salles, Dias de Luta no Oeste Paranaense,
ensaio, jornal O Paraná, 17 de
outubro de 1977).
Com o dispositivo então montado pelo coronel João Francisco, a vanguarda
revolucionária barraria em Catanduvas qualquer investida governista na direção
Oeste. A seguir, passo a passo, o minucioso relato de Ney Salles:
Lançou também para Leste ao longo da
rodovia Guarapuava-Foz do Iguaçu destacamentos de segurança a fim de alertar a
posição quanto à presença da tropa federal. Estes acabaram por chocar-se com a
tropa legalista na Serra do Medeiros.
Enquanto isto se passava com a vanguarda, o
grosso das forças revolucionárias cerrava sobre Catanduvas a coberto da tropa
que aí já se encontrava. Agora poderiam os revoltosos paulistas tentarem
prosseguir a luta depois de estabelecer a junção com os rebeldes gaúchos que se
aproximavam do Rio Iguaçu vindos do Sul. (...)
Após estabelecido o contato na foz do Rio
Paranapanema, o Regimento Dilermando iniciou o retardamento dos rebeldes. Essa
operação permitiria que as tropas federais sediadas no Paraná e que se
deslocaram para São
Paulo retornassem ao Estado e marchassem
ao encontro dos revoltosos. Isso de fato aconteceu no combate de encontro entre
as forças adversas que se feriu em Catanduvas.
Os movimentos dos revoltosos ao longo do
Rio Paraná em direção ao Sul não foram realizados sem combates. Entre Porto São
José e Porto Mendes, trajeto normalmente feito em dois dias, tiveram os
revoltosos inúmeras baixas, deserções e o atraso de uma quinzena.
Destacam-se nesse trecho o encontro em
Porto São José, a defesa de Guaíra e o retraimento até Porto Mendes. A posição
de Porto São José contava com dois postos avançados. Um no Porto São João na
margem mato-grossense e outro na foz do Rio Paranapanema. Foi este que na noite
anterior ao ataque dos revoltosos alertara o coronel Dilermando quanto à
presença do inimigo levando-o a desembarcar em Mato Grosso.
Após o desembarque dos revoltosos
investiram sobre Porto São João, tendo o destacamento e a guarda da ilha entre
Porto São João e Porto São José recebido ordem de retraírem pelo rio para o
lado paranaense.
Conquistado o Porto São José os revoltosos
iniciaram com a artilharia o bombardeio de Porto São José, buscando abordá-lo
frontalmente. Face as posições vantajosas dos legalistas nesse ponto, os
rebeldes subiram o rio Paraná a coberto das ilhas existentes e adentraram o rio
Paranapanema. Aí toparam com um posto avançado que ofereceu tenaz resistência
mas teve que retrair. Após desembarcarem, iniciaram a marcha por terra sobre
Porto São José tentando cercá-lo.
Determinou o coronel Dilermando o
retraimento para posições mais ao Sul do Porto, dando continuidade aos combates
que já duravam mais de cinco horas. Sentindo aumentar a pressão sobre suas
posições, decidiu então romper o contato, embarcando nos navios da Companhia
Matte Laranjeiras. Nesse primeiro encontro o regimento não ofereceu nenhuma
baixa entre seus 92 integrantes.
Chegando a Porto Dom Carlos e Porto Camargo
providenciou entre os habitantes locais vigias que deveriam avisar Guaíra
quando os rebeldes passassem pelos dois portos. Estes vigias acabaram por
solidarizarem-se aos rebeldes.
Já em Guaíra foram guarnecidas posições
anteriormente preparadas no canal do Pacu, na foz do Rio Piquiri, nas alturas
que dominam o porto e ao longo dos trilhos da Estrada de Ferro Matte
Laranjeiras.
O canal do Pacu foi minado cabendo essa
missão ao tenente Aristóteles Xavier que também comandava a guarnição da ilha
do mesmo nome.
Contando com a colaboração de guias locais,
fácil foi aos revoltosos atacarem de surpresa a guarnição da ilha do Pacu. A
resistência oferecida pelos seus defensores alertou Guaíra quanto à aproximação
dos rebeldes.
Apesar do nevoeiro matinal os atacantes
foram tomados por fogos a partir do porto, contudo conseguindo desembarcar
elementos ao Norte da cidade.
A guarnição local retraiu sob pressão do
porto para a Praça Mendes Gonçalves e ao longo dos trilhos da estrada de ferro.
Imediatamente os revoltosos passaram a hostilizar a posição pelos flancos a
partir do cemitério e dos armazéns da Companhia Matte Laranjeiras
Face a iminência do cerco o coronel
Dilermando determinou o embarque do restante da tropa na composição ferroviária
que havia mandado preparar para o retraimento.
Pretendia o coronel Dilermando impor um
retraimento no arroio Zororó, não sendo possível destruir a ponte dada a
perseguição encetada pelos revoltosos.
Outra tentativa poderia ser feita no arroio
Guaçu mas também isto não foi realizado face ao risco da tropa ser aferrada ao
terreno. Recorreu então o coronel Dilermando ao recurso supremo mandando
desengatar os últimos vagões da composição a fim de obstruir a linha. Graças a
este artifício os remanescentes do regimento atingiram Porto Mendes aí
embarcando no vapor lberá
com destino a Foz do Iguaçu.
Apossando-se de Porto Mendes a vanguarda
revolucionária imediatamente avançou com um batalhão sobre Foz do Iguaçu e
outro sobre Cascavel através da Colônia Lopeí.
Não restava ao coronel Dilermando outra
solução que a de internar-se com o restante de sua tropa na Argentina. Essa
decisão foi tomada face a impossibilidade de ser cortada a retirada na direção
de Ponta Grossa caso seguisse por terra ao longo da rodovia estratégica
Guarapuava-Foz do Iguaçu.
Pouco depois Foz do Iguaçu caiu em mãos dos
revolucionários. Como represália aí foram fuzilados sob alegação de
simpatizantes à causa governista o tabelião local Franklin Sã Ribas, o sargento
Hartmann, integrante do regimento do Coronel Dilermando e seis empregados da
Companhia Matte Laranjeiras” (Ney Salles, op.cit.).
“Quando eles chegaram aqui todo mundo teve que fugir, toda a cidade foi
saqueada e dominada por vários meses. Houve até fuzilamento. Um habitante daqui
que fugiu, como todos, para o Paraguai, voltou para apanhar alguns objetos,
inclusive uma faca, e uma outra pessoa que tempos atrás tinha uma rixa com ele
falou para o chefe dos revolucionários que estava roubando facas para levar até
o Paraguai. Este oficial que estava no comando, certamente era um maluco,
prendeu-o e mandou fuzilá-lo. Aquilo foi um absurdo. Inclusive o comandante da
coluna quando chegou aqui, mandou castigar o oficial que cometeu aquele crime.
O fuzilado chamava-se Franklin Sá Ribas. A família dele mais tarde foi
indenizada pelo Governo” (Ottilia Schimmelpfeng, depoimento ao jornal Hoje-Foz).
Prossegue Ney Salles:
Com a chegada das tropas rebeldes,
Catanduvas tornou-se o baluarte da revolução. Sua localização, a cavaleiro da
única via de penetração que de Guarapuava conduzia a Foz do Iguaçu, fechada a
porta do Oeste paranaense. A posição defensiva estava apoiada no Rio Adelaide e
guarnecida pelas brigadas Bernardo Padilha e João Francisco. Contava com destacamentos
de segurança no flanco direito em Cajati e no flanco esquerdo em Centenário e
Fazenda Floresta. Além dessa segurança aproximada, foram lançados conhecimentos para o Norte na direção de Colônia Santa
Cruz e para Leste ao longo da Rodovia estratégica.
Na região de Rio do Salto localizava-se o
Quartel General e a Brigada Miguel Costa, reserva da Divisão Revolucionária. O
encontro entre os revoltosos e legalistas ocorreu às margens do Rio Bormann,
quando o destacamento de reconhecimento que partira de Belarmino vasculhava a
Serra do Medeiros. Aí já se encontrava instalado o 13˚ RI.
O comandante revoltoso major Nélson de Melo
teve dificuldades para desengajar sua tropa. Mesmo assim conduziu uma ação
retardadora ocupando posições sucessivas no Rio Medeiros e Alto do Polaco até
chegar a Belarmino. Isto permitiu alertar a posição defensiva quanto à presença
da tropa federal e ocupar postos avançados em Belarmino.
Os governistas iniciaram então os
reconhecimentos para o assalto às posições de Belarmino. Atacaram-nas em três
frentes, depois de fortíssimo bombardeio de artilharia. Após três dias de lutas
os revoltosos retornavam para Catanduvas (Ney Salles, op.cit.).
“Aí nós nos entrincheiramos em Catanduvas. Ali ficamos seis meses,
debaixo de balas. Naquele tempo havia duas ou três casas lá. E nós vivíamos em
barracas. Lembro-me que nesse tempo houve um combate duro, quando tropas
policiais da Bahia atacaram a Fazenda do Gomes (pertencente à mesma família que
construiu a Encruzilhada dos Gomes,
origem da cidade de Cascavel), onde estava a tropa do João Cabanas. Ele saiu e
tomou a localidade de Formiga, à frente de uns 200 homens. Lá o combate também
foi duro, tanto que morreram uns 25 oficiais e sargentos. Durante o cerco a
Catanduvas também morreu muita gente” (Eduardo Agostini).
O cerco de Catanduvas dura meses. Para os revolucionários, é preciso
retardar ao máximo a luta, à espera da coluna gaúcha que lentamente se aproxima
do Rio Iguaçu.
Apesar do longo assédio dos governistas à posição bombardeada
constantemente pela artilharia, resistia a todas as investidas, desde novembro
de 1924.
Vive-se já o mês de março de 1925. Ao Oeste paranaense continuamente
chegam tropas governistas agora sob o comando do general Rondon. O ardor
combativo dos rebeldes perde ímpeto.
Relatou Eduardo Agostini:
“Em fins de março as tropas governistas investiram Catanduvas de frente
e pelo flanco sul. Embora impossibilitados de barrar a progressão nesse flanco
com um contra-ataque, trataram os rebeldes de dificultá-la metralhando os
elementos que despontavam nas orlas da mata. Não foi possível, contudo, apoiar
a retirada dos defensores de Catanduvas, os quais renderam-se na noite do dia
29 de março. Escaparam apenas o QG e os elementos que se encontravam na região
de Rio do Salto e no flanco Norte em Campanário”.
“O 6˚ Regimento Provisório do Rio Grande do Sul veio de lá e atacou
Cajati, enquanto a força baiana atacava a Fazenda dos Gomes. Foi aí que eu
tirei Estillac Leal, Filinto Müller, Nélson de Meio e o Távora e levei para o
Paraguai. (...) As forças do governo estavam na Fazenda Gomes e no rio Tormenta
brigando com a tropa de João Cabanas e numa noite eu e o tenente Domingos
viemos de Catanduvas, a pé, até o rio Tormentinha, para ver se havia inimigos
ali. Não tinha ninguém. Paralelamente ao rio Tormenta havia uma picada que saía
na Linha Velha. Quando constatamos que não havia ninguém voltamos ligeiro e
avisamos o pessoal: ‘Vamos embora, que dá pra gente sair’. E foi isto que
aconteceu: quando clareou o dia, nós saímos na linha Velha. De lá, varamos até
Foz do Iguaçu” (Eduardo Agostini).
“Após a rendição de
Catanduvas trataram os revoltosos paulistas de retardar o avanço governista
sobre o eixo Catanduvas-Cascavel-Benjamin-Foz do Iguaçu, a fim de permitir a
junção com a coluna gaúcha que tendo transposto o Rio Iguaçu marchava para o
entroncamento de Benjamin” (Ney Salles,
op.cit.).
A missão impunha a organização de resistências sucessivas. Comandava a força
de cobertura o capitão Juarez Távora. A primeira dessas resistências foi
organizada na região de Rio do Salto, a fim de garantir o escoamento dos
elementos que se retiravam de Centenário.
“A 5 de abril era atingida Cascavel e dois dias
depois estava organizada nova posição defensiva a sudeste do Deposito Central,
atual Santa Tereza. Era guarnecida por um batalhão de infantaria, um pelotão de
cavalaria e uma seção de artilharia. Essa posição devia cobrir o escoamento da
coluna gaúcha pela estrada de Santa Helena. Após a junção dos remanescentes
paulistas com a coluna gaúcha, os governistas abordaram Santa Tereza havendo
daí se retirado os rebeldes nas direções de Santa Helena e Foz do Iguaçu”( Ney Salles, op.cit.).
“Entre todos, os homens da Coluna Prestes e revolucionários de São Paulo
eram 1.200 homens” (Eduardo Agostini).
Segue o relato de Ney Salles:
A tropa legalista seguia os revoltosos nas
direções Cascavel-Lopeí, Cascavel-Benjamin e ao longo da rodovia estratégica.
Nessa ocasião ocorreu em condições misteriosas a morte do capitão Leônidas
Marques no acampamento governista estabelecido entre Cascavel e Benjamin mais
ou menos região que hoje leva seu nome.
A partir do entroncamento de Benjamin o
grosso da coluna revolucionária retirou-se para Porto Artaza-Porto Mendes,
enquanto um esquadrão da cavalaria procurava atrair a tropa legalista na
direção de Foz do Iguaçu. Este acabaria por internar-se no Paraguai através de
Porto Franco, não conseguindo iludir o adversário.
Concentrada agora entre Porto Artaza e
Porto Mendes a divisão revolucionária fez duas desesperadas tentativas, uma
para conquistar Guaíra não sendo bem sucedida, a outra para diminuir a pressão
sobre Porto Artaza, o que foi conseguido. Logo após, dispondo de dois navios,
um de cada porto, os revoltosos transpuseram o rio Paraná e internaram-se no
Paraguai em Porto Adela.
Durante dois dias atravessaram o rio cerca
de mil homens, seiscentos animais, todo o material bélico e mantimentos para a
marcha através do território paraguaio. Terminavam desta forma as operações
contra-revolucionárias no Oeste paranaense e que duraram dez meses
consecutivos” (Ney Salles, op.cit.).
A Coluna Prestes, que não chegou ao Paraná a tempo de levar os
revolucionários paulistas à vitória, em sua marcha apressada pelas terras do
Oeste foi obstaculizado pelo exército particular da empresa argentina Julio T.
Allica, mas conseguiu evitá-lo, permanecer invicta em toda sua marcha por
grande parte do território nacional, inclusive o Nordeste, até se internar na
Bolívia a 3 de fevereiro de 1927, onde se dispersou.
Quando enfim os combates terminam, os sertanejos antes prósperos estão
em situação de completa miséria. Muitos perderam tudo o que tinham.
Restabelecida a ordem, já em 1925, com a vitória das tropas legais e a
fuga dos derrotados revolucionários, que se unem aos homens da Coluna Prestes,
os carroções dos colonizadores voltam a transportar erva-mate e a trazer ítalo
e teuto-gaúchos, assim como os filhos dos poloneses catarinenses.
(Pequena História
de Cascavel e do Oeste, de Carlos Sperança e Alceu A. Sperança, 1980).
**
Sobre a história de Cascavel e Oeste do Paraná, consultar
também:
Para conhecer mais detalhadamente a história da
cidade de Cascavel, consultar o livro Cascavel: Uma Santa na Encruzilhada,
que se concentra na luta entre religiosos e políticos para definir o nome da
cidade.
Para conhecer a história geral de Cascavel e
região Oeste, consultar o livro Cascavel, A História, que aborda a
formação de Cascavel e Oeste do Paraná nos contextos do Paraná e do Brasil.
Edição de 1992
Edição de 2011
A formação da indústria e do comércio de
Cascavel é o tema do livro ACIC 50 Anos – Uma história de
associativismo.
A história do agronegócio cascavelense está no
livro Sindicato Rural de Cascavel – Uma história de paz, produção e progresso.
A história da formação social e esportiva de
Cascavel está no livro Tuiuti, A Presença Azul.
A história do automobilismo está no livro Cascavel
em Alta Velocidade.
A história do Poder Judiciário em Cascavel,
juízes, promotores e organização dos advogados está nos livros virtuais
Cascavel, A Justiça - Livro 1
A criação da Comarca de Cascavel – Quando a
Justiça Vale uma Janta
Cascavel, A Justiça – Livro 2
Crimes, ameaças e julgamentos – Quando a
Justiça Chega a uma Terra sem Lei
Cascavel, A Justiça – Livro 3
Episódios
Divertidos, Estranhos, Curiosos e Muitas Vezes Irônicos – Quando a
Justiça Tem Graça
Cascavel, A Justiça – Livro 4
Tramas Cinematográficas, Sérias Suspeitas,
Raras Certezas – Quando há Risco de Injustiça
Todos estão reunidos na coleção
Cascavel, A Justiça - Livros 1 a
4
**
Para mais detalhes:
***********************************************************************Lista de artigos
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Baixa a crista a: vovô era sem-terra
Sensacional! Meus parabéns e gratidão imensa.
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